Cayo Lucas, de 21 anos, foi preso na manhã de segunda-feira, 25, em Olinda, Pernambuco, suspeito de fazer ameaças de morte ao youtuber Felipe Bressanim Pereira, conhecido como Felca. A defesa dele não foi localizada.
Segundo a Polícia Civil de Pernambuco, o suspeito confessou que comprava senhas de acesso a sistemas sigilosos no Telegram, serviço de mensagens instantâneas.
"Foi constatado que ele estava com um computador aberto e logado no sistema da polícia aqui de Pernambuco. Ele estava com acesso, com a senha e outras credenciais anotadas, inclusive elas estavam funcionando perfeitamente. Ele acabou confessando que adquiriu as credenciais em grupos no Telegram", disse o delegado Eronides Meneses, da Delegacia de Crimes Cibernéticos de Pernambuco.
Procurado pelo Estadão, o Telegram não havia respondido até a publicação desta reportagem.
No momento da prisão, Lucas estava acompanhado de outro rapaz, identificado como Paulo Vinícius. A defesa de Vinícius não foi localizada.
Ambos foram autuados em flagrante pelo crime de invasão de dispositivo informático com acesso a informações sigilosas, por terem entrado no sistema da Secretaria de Defesa Social de Pernambuco. Se condenados, a pena pode chegar a até cinco anos de prisão.
"Conseguiam invadir sistemas das polícias do Brasil e do Poder Judiciário, conseguindo inclusive inserir informações de mandado de prisão de qualquer indivíduo, qualquer pessoa que fosse inimiga do grupo", disse Meneses. "Eles utilizavam essas informações também para abertura de contas para lavagem de dinheiro e recebimento de pagamentos."
Ameaças e venda de material infantil
Em postagem nas redes sociais, o secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite, disse que rapaz vendia pornografia infantil.
"A Polícia Civil de São Paulo acaba de prender em Pernambuco um indivíduo que ameaçou o youtuber Felca após as suas denúncias. Um belo trabalho de investigação que levou até a esse criminoso que, além das ameaças, vendia material infantil nas redes", afirmou Derrite.
Quebra de sigilo
Na semana passada, a Justiça determinou a quebra do sigilo de um usuário do serviço de e-mail do Google que ameaçou de morte o youtuber. Procurado pelo Estadão, o Google informou que não iria comentar a decisão da Justiça.
Os e-mails têm os seguintes dizeres: "e ae babaca vc acha que vai fica vc impune por denunciar o hytalo santos vc ta enganado vc vai se ferrar muito sua vida após a denunciando ele prepara pra morrer vc vai pagar com a sua vida" e "ae macaco branco vc vai morrer se prepara por sua vida vc corre risco e vc vai pagar com a vida vc e um otário pedófilo". As ameaças vieram depois de o youtuber denunciar a 'adultização' de crianças e adolescentes nas redes sociais.
Felca pediu a tramitação do processo em segredo de Justiça, mas o magistrado negou sob a justificativa de que "o princípio da publicidade dos atos processuais é regra no ordenamento jurídico brasileiro, sendo o sigilo exceção". Ainda de acordo com o juiz, não há "demonstração suficiente de risco à intimidade das partes ou interesse social que justifique tal medida excepcional".
Na ocasião, o juiz Pedro Henrique Valdevite Agostinho determinou que sejam repassados "os dados de identificação vinculados à conta de e-mail, contemplando os IPs de acesso dos últimos 6 (seis) meses, portas lógicas de origem, data, hora, minutos, segundos e milésimos de segundos, bem como quaisquer dados cadastrais aptos a identificar o usuário responsável."
O magistrado fixou ainda multa diária no valor de R$ 2 mil, limitada a R$ 100 mil, para o caso de descumprimento.
Denúncia de exploração de crianças e adolescentes
O tema da adultização entre crianças e adolescentes nas redes sociais ganhou força depois que o influenciador digital Felca publicou, no último dia 6, um vídeo com denúncias após observar o crescimento desse tipo de conteúdo nas redes sociais - um assunto, segundo ele, "pouco falado por quem tem alcance".
Felca tem expressiva presença nas redes sociais, contando atualmente com 17,7 milhões de seguidores no Instagram, 8,45 milhões no YouTube e 870 mil na rede X (ex-Twitter).
Após a publicação do vídeo, o assunto também entrou em discussão entre parlamentares e autoridades, que, pressionados a reagir diante de um tema tão importante, passaram a tratar com urgência uma proposta de regulamentação das redes sociais que estava parada no Congresso.
O projeto de lei chamado de "ECA Digital" - referência ao Estatuto da Criança e do Adolescente - foi aprovado na quarta-feira, 20, na Câmara dos Deputados.
Em 50 minutos, o youtuber mostrou na prática como o algoritmo funciona para entregar conteúdos com menores para pedófilos e entrevistou uma psicóloga especializada para falar sobre o perigo da exposição nas redes sociais para as crianças e adolescentes. O vídeo tem mais de 43 milhões de visualizações.
* Com informações da Agência Brasil
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