Caipirinha servida no copo: símbolo nacional com origem disputada.
(Imagem: de Mateusz Feliksik na Unsplash)
A caipirinha é mais do que um drink: é um símbolo da identidade brasileira. Feita com cachaça, limão, açúcar e gelo, ela conquistou bares do mundo inteiro, mas sua origem ainda divide historiadores e cidades brasileiras.
Piracicaba reivindica a paternidade
Segundo diversos estudos acadêmicos, a caipirinha teria surgido no século XIX, na região de Piracicaba (SP). Grandes fazendeiros da elite canavieira serviam a bebida em festas como uma alternativa mais “nobre” ao uísque, usando a cachaça local como protagonista.
O remédio que virou drinque
Uma versão defendida pelo Instituto Brasileiro da Cachaça aponta para o ano de 1918, durante a pandemia da gripe espanhola. Um remédio caseiro feito com limão, mel, alho e cachaça era usado para aliviar os sintomas. Com o tempo, o alho saiu, o mel virou açúcar e o gelo entrou — nascia a caipirinha moderna.
Paraty apresenta um registro ainda mais antigo
Em Paraty (RJ), historiadores encontraram um documento de 1856, assinado por um engenheiro civil, que descreve o uso de aguardente com limão, açúcar e água. A mistura era consumida durante uma epidemia de cólera para evitar o uso de água contaminada.
Tradição ou pura necessidade?
A combinação remete às práticas populares de botica, onde bebidas alcoólicas eram usadas como base para soluções terapêuticas. A caipirinha pode ter surgido naturalmente, migrando da farmácia informal direto para o copo, sem data oficial de inauguração.
Tarsila do Amaral levou a caipirinha ao mundo
Nos anos 1920, durante o auge do modernismo brasileiro, artistas como Tarsila do Amaral ajudaram a popularizar a bebida. Ela servia caipirinhas a amigos em Paris, transformando o drinque em um verdadeiro símbolo cultural do Brasil no exterior.
Sem consenso, mas cheia de charme
A ausência de documentos definitivos mantém o debate vivo. Piracicaba sustenta a tradição rural, enquanto Paraty se apoia em registros históricos. Ambas as versões carregam valor cultural e talvez essa indefinição faça parte do encanto.
Patrimônio e identidade nacional
Independentemente da origem, a caipirinha foi reconhecida como patrimônio imaterial no Estado do Rio de Janeiro e também em nível nacional, reforçando sua importância histórica e simbólica.
Um brinde à brasilidade
No fim das contas, pouco importa onde nasceu. A caipirinha é uma expressão do Brasil: simples, autêntica e cheia de história, capaz de reunir cultura, sabor e memória em um único copo.